O assessor de Segurança Nacional do Brasil, general Augusto Heleno, disse nesta terça-feira que o presidente Jair Bolsonaro disse a ele que não havia falado com ninguém sobre a possibilidade de uma base militar norte-americana ou soldados americanos serem postados em solo brasileiro.
O próprio Bolsonaro declarou, durante uma entrevista ao SBT na semana passada, que estava aberto à possibilidade do Brasil sediar uma base dos EUA para combater a influência russa na Venezuela.
Também na semana passada, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, destacou que Bolsonaro estava disposto a receber uma base militar dos EUA e planejava discuti-lo com o presidente dos EUA, Donald Trump, durante uma esperada visita em março.
Nos meios militares brasileiros, a ideia foi prontamente rechaçada e causou desconforto. Horas antes de Heleno falar sobre o tema, o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, disse não ver razão para o país ter uma base norte-americana.
“É uma questão muito complexa que ele [Bolsonaro] não tem lidado comigo, você tem que vê-lo bem, não vejo qual a razão para uma base ou como isso seria”, declarou em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta terça-feira.
Azevedo e Silva comentou ainda que não sabia o que exatamente Bolsonaro quis dizer quando falou de uma base norte-americana em solo brasileiro, e se perguntou se ele não estava se referindo à base de lançamento de foguetes espaciais Alcântara, localizada no Maranhão.
A base, construída nos anos 1980 e subutilizada, e foi oferecida aos EUA pelo governo anterior de Michel Temer e, de acordo com o ministro, as negociações já estão em “fase final”.
Medo do terrorismo?
O ministro da Defesa também discutiu a decisão do presidente brasileiro de mover a embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, que ameaça a um conflito aberto com o mundo árabe.
“O presidente gosta de ouvir seus conselheiros para tomar decisões e acho que ele ainda está pensando, é uma decisão política, é sua intenção e se encaixa seus conselheiros avaliar as vantagens e desvantagens de tal decisão”, ponderou.
Bolsonaro confirmou na semana passada que a decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel está tomada, e assumiu que pode haver riscos de retaliação, citando o ataque aconteceu na Argentina na década de 1990.
Quando perguntado sobre o risco do Brasil do ponto de vista do terrorismo islâmico, o ministro da Defesa minimizou.
“Mas esses dois ataques [contra a Associação Mutual Israelita Argentina e da Embaixada de Israel] não se dão pel mudança da embaixada; Foi o momento em que o mundo estava cheio de ataques”, disse.
Azevedo e Silva também afirmou que vai manter os projetos estratégicos iniciados em governos anteriores, como o submarino nuclear, cargueiro militar KC-390 e sistema de controle Embraer fronteira Sisfron.